O Clube

História do Santos

Alvinegro praiano, time revelador de muitos craques e uma geração vencedora que teve no “Rei do Futebol”, o seu ponto máximo. O Santos Futebol Clube é conhecido mundialmente, entre muitos fatores, por ser a casa de Pelé, o maior jogador de todos os tempos. O peixe tem a Vila Belmiro

O início

Domingo, 14 de abril de 1912, sede do Clube Concórdia na outrora rua do Rosário (atualmente rua João Pessoa), três esportistas, Francisco Raymundo Marques, Mário Ferraz de Campos e Argemiro de Souza Júnior e mais 36 convidados a participar da reunião são considerados sócios-fundadores do Santos Futebol Clube, um dos times mais históricos do mundo, sendo o nome sugerido por Edmundo Jorge de Araújo e com a grafia comum à época: Santos Foot-Ball Club.

Primeiro jogo treino da história do Santos. – Foto: Divulgação/Santos FC

O manto alvinegro e o União FC

Primeiro as cores do uniforme foram o azul e branco com fios dourados porém, pouco antes do primeiro ano de fundação (31/03/1913), as cores do uniforme eram definidas da seguinte forma: calção branco e camisa listrada de branco e preto.

Ainda em 1915, a agremissão aderiu ao pseudo nome de União FC, que foi usado para disputar o Campeonato Santista daquele ano. Com o nome temporario, surgiu um também um escudo temporario, que era composto por um fundo preto, com a sigla U.F.C. na diagonal.

 

A futura casa do Rei

Inaugurado em 16/10/1916, o estádio Urbano Caldeira ou como ficou mais conhecido, a Vila Belmiro, homenageia Urbano Caldeira Filho, entusiasta do clube, que foi atleta, técnico, dirigente e um dos patronos do Santos.

Inauguração da Vila Belmiro, em 1916.- Foto: Divulgação Santos FC

Ainda sobre o estádio, o primeiro jogo ocorreu 10 dias depois da inauguração quando o Santos derrotou o Ypiranga por 2 a 1 pelo Campeonato Paulista.

As primeiras taças

O alvinegro praiano ganhou diversos títulos locais entre 1913 e 1930. A primeira conquista mais expressiva foi no Paulistão de 1935 numa vitória sobre o Corinthians por 2 x 0. A formação foi: Cyro, Neves, Agostinho, Ferreira, Marteletti, Jango, Saci, Mário Pereira, Raul, Araken Patusca, e Junqueirinha. O técnico era Virgílio Pinto de Oliveira.

Goleiro do Santos durante partida em 1935, na Vila Belmiro. – Foto: Crédito: Divulgação Santos FC

O primeiro jejum

O Santos enfrentou o primeiro jejum de títulos de meados da década de 30 até meados da década de 50. Apesar do período difícil, o clube viu surgir uma linha de ataque impiedosa:  Araken Patusca e Feitiço. Araken anotou 182 gols em 193 jogos, já Feitiço balançou as redes 214 vezes em 151 partidas.

Araken, craque do Santos. Foto: Santos/Reprodução

Anos 50: o início do reinado

Esta década começa com a quebra do jejum de 20 sem títulos com o troféu do Paulista de 1955 e o bicampeonato na temporada seguinte todavia, o melhor (literalmente) estaria por vir. Edson Arantes do Nascimento, ele mesmo, Pelé, desembarca na Vila Belmiro em 22 de julho de 1956.

Pelé estreou em um amistoso contra o Corinthians de Santo André entrando no segundo tempo e marcando o sexto, dos sete gols na goleada por 7 a 1. Depois participou de um torneio amistoso entre quatro clubes do Brasil e quatro da Europa. Santos e Vasco fizeram um elenco combinado e numa das partidas no Maracanã, Pelé marcou três vezes contra o Belenenses-POR. O Brasil já ficava de “orelha em pé” observando o talento precoce.

Os desempenhos com a camisa do peixe levaram Pelé à seleção brasileira em 1957 e logo com a conquista da Copa Rocca. Naquela mesma temporada a primeira artilharia no Campeonato Paulista. Em 58, título estadual com a impressionante marca de 58 gols em 38 jogos, recorde que permanece até hoje.

Abrindo parênteses na história do Santos e Pelé, não podemos dissociá-la da seleção brasileira. Em 58 convocação para a Copa do Mundo na Suécia e dois fatos mudariam o significado de um número no futebol. A comissão técnica do Brasil não enviou à FIFA a definição da lista dos números das camisas para os 22 convocados e depois, um integrante do Comitê Organizador da Copa distribuiu as camisas aleatoriamente e coube a Pelé, receber o número 10 mesmo sendo reserva. Pronto, a partir daquela competição Pelé daria um novo significado para a camisa 10.

Campeão do mundo aos 17 anos e nova (literalmente) estrela do futebol mundial, Pelé retornou à Vila, que agora era a Vila “mais famosa” para fazer história ao lado, vale ressaltar, de um verdadeiro esquadrão.

Um time-base no primeiro título da Libertadores em 1962: Gylmar; Lima, Mauro e Dalmo; Calvet e Zito; Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe. Técnico: Lula.

Campeão do Interclubes contra o Benfica-POR de Eusébio, as conquistas de Pelé com o Santos perduraram 15 anos. Dois Interclubes, duas Libertadores, uma Recopa Sul-Americana, uma Recopa Mundial, seis Brasileiros, três Rio-São Paulo, 10 Paulistas entre outras conquistas e ainda defendendo o clube, três Copas do Mundo. A última taça foi uma constelação: Félix, Carlos Alberto Torres, Brito, Everaldo e Piazza; Clodoaldo, Gérson e Rivelino; Jairzinho, Pelé e Tostão. (fecha parênteses).

Pelé é o terceiro agachado, da direita para a esquerda.- Foto: Arquivo Pessoal/Pelé

O pós-Pelé: pouco títulos, muitos craques

O “Rei do Futebol” deixou o Santos em 1974 e também toda uma geração vencedora. A partir dali, as conquistas ficaram com hiatos de anos. Em 78 campeão paulista com Pita, Juary e João Paulo. Já em 84 um Morumbi com mais de 100 mil pessoas viu o triunfo santista no duelo alvinegro contra o Corinthians. O peixe foi campeão com: Rodolfo Rodríguez; Chiquinho, Márcio Rossini, Toninho Carlos e Toninho Oliveira (Gilberto); Dema, Paulo Isidoro, Humberto e Lino; Serginho Chulapa e Zé Sergio (Mário Sérgio), do técnico Castilho.

Anos 90: o vice no Brasileirão e o título na Conmebol

Mais uma vez decisão diante de um “co-irmão” alvinegro. Liderados pelo genial Giovanni, o Peixe enfrentava o Botafogo-RJ. No jogo de ida no Maracanã 2 a 1 para o Fogão. Pacaembu, jogo de volta, empate por 1 a 1 numa arbitragem polêmica de Márcio Rezende de Freitas.

Além do camisa 10, o time da Vila contava com o goleiro Edinho, filho de Pelé. Narciso, Marcelo Passos, Robert e Jamelli também estiveram naquela campanha de destaque.

“A Batalha de Rosário” assim ficou marcada a conquista da Copa Conmebol de 1998. O 0 a 0 contra o Rosário Central teve Zetti, Anderson Lima, Sandro, Claudomiro e Athirson; Marcos Bazilio, Narciso, Élder e Eduardo Marques; Fernandes e  Alessandro. O técnico Emerson Leão.

Time do Santos comemorando título da Copa Conmebol de 98. – Foto: Divulgação/Santos

Os Meninos da Vila

Entre 2002 e 2004, o Santos revelou para o futebol: Robinho e Diego e um time-base com Fábio Costa, Maurinho, Alex, André Luís, Léo, Paulo Almeida, Renato e Elano. Boa parte desse grupo venceu o Corinthians na final do Brasileirão de 2002, foi vice-campeão da Libertadores de 2003 com derrota para o Boca Juniors-ARG e ganhou novamente a Série A do Brasileiro em 2004.

Nesta primeira década de 2000, o Peixe ainda conquistou o estadual em 2006 e 2007, e perdeu em 2000 para o São Paulo e foi eliminado pelo Corinthians na semifinal de 2001 e final de 2009.

A era Neymar

Logo no início do segunda década de 2000, uma nova geração de talentos surge no alvinegro praiano. Comandados pelo jovem Neymar, o Santos do também craque Paulo Henrique Ganso e um Robinho como coadjuvante de luxo ganhou o Paulista e a Copa do Brasil. Na temporada seguinte, o ápice! Título da Libertadores da América e outro triunfo estadual. Nova projeção mundial e “crista da onda” para o alvinegro praiano. Mesmo a goleada sofrida (4 a 0) para o Barcelona de Messi na final do Mundial de Clubes não apagou o brilho daquele elenco.

Em 2012, o tricampeonato paulista e a primeira Recopa Sul-Americana. No ano de 2015, já sem Neymar, outro título paulista.

Celeiro de craques, o Santos segue revelando jóias como Gabriel Barbosa, o Gabigol, Bruno Henrique e Rodrygo.

O primeiro rabaixamento

Até 2023, o Santos fazia parte do seleto grupo de times que nunca tinham passado por um rebaixamento no futebol brasileiro. Isso mudou depois de uma campanha difícil, com 11 vitórias, 10 empates e 17 derrotas, que resultou na 17ª colocação do Brasileirão 2023, colocação que levou rebaixou o alvinegro para a Série B.

Sem expresividade no campeonto nacional desde 2019, quando foi vice-campeão, o Santos desenhava uma crise desde 2020, que só veio a se concretizar em 2023. O time respitou e lutou pra se reconstruir ainda na Série A, mas por 1 ponto, depois de perder para o Fortaleza na última rodada, a equipe santista debe buscar o acesso na segundona de 2024.

O Rei

O atleta do século, Rei do Futebol e recentemente, o nome Pelé foi inserido no dicionário brasileiro como adjetivo de características de algo ou de alguém incomparável;extraordinário; espetacular; excelente; exímio; inigualável.

Boa parte desses adjetivos foram “adquiridos” quando vestia o manto alvinegro, entre 1956 e 1974 os números são estratosféricos: 1.116 jogos, 1091 gols, e todos os títulos oficiais possíveis com o Santos.

Vale ressaltar, realmente, que enquanto atleta do Santos, Pelé conquistou os três títulos mundiais com a camisa da Seleção Brasileira em 1958, 1962 e 1970.

Ironia do destino? Para muitos fãs e torcedores do Santos, o gol mais bonito da carreira de Pelé não teve um registro em vídeo. Dia 02 de agosto de 1959, rua Javari, a Juventus recebia o Santos pelo Paulistão.

Provocado durante toda a partida, o camisa 10 recebeu cruzamento de Durval. Com a bola no ar, deu uma meia lua no primeiro adversário, deu uma chapéu no segundo, também o terceiro e para finalizar a obra de arte, o goleiro “Mão de Onça” também saiu com um “banho” na conta. Gol aberto e bola na rede.

No dia 29 de dezembro de 2022, o Rei nos deixou. Edson Arantes do Nascimento, o imortal Pelé.

Neymar

Quase quatro décadas após aquela geração real de Pelé, Pepe, Coutinho entre outros jogadores que fincaram o nome na história santista, eis que aparece um menino franzino que, seria líder de uma equipe no período de maior sucesso do alvinegro do litoral paulista desde 1960.

Habilidoso e “abusado”, Neymar Jr foi mais uma “cria” das famosas categorias de base do Peixe. Profissionalmente, o atleta atuou pelo Santos de 2009 a 2013, com 230 jogos, 138 gols e levantou a taça do tricampeonato paulista (2010, 2011 e 2012), a Copa do Brasil de 2010, a Libertadores de 2011 e a Recopa Sul-Americana de 2012.

O camisa 11 trouxe de volta para os santistas a magia das arrancadas driblando dois, três, quatro adversários na mesma jogada, o que ficou marcado por exemplo no jogão na Vila Belmiro pela Série A de 2011, na derrota para o Flamengo de Ronaldinho Gaúcho por 5 a 4.

O craque recebe a bola na lateral do lado esquerdo de ataque do Santos, dribla três rubro-negros na diagonal, tabela com o Borges, segue na direção do gol, aplica um drible da vaca em Ronaldo Angelim e de “pé trocado”, coloca no canto direito do goleiro Felipe.

A obra de arte mereceu e venceu o prêmio Puskás da FIFA, como o gol mais bonito da temporada.

Rivais

Clássico Alvinegro – Corinthians

O clássico entre clubes alvinegros mais tradicional do futebol mundial, assim é Santos x Corinthians. Casa de gênios como Pelé, Neymar, Rivelino e Marcelinho Carioca entre tantos outros, uma das características dos confrontos é o tabu que um não venceu o outro. Na era Pelé, o alvinegro da capital ficou intermináveis 11 anos sem vencer o Peixe no campeonato estadual.

Um lance que permeia a memória dos santistas até hoje foram as “pedaladas” de Robinho sobre Rogério na final do Campeonato Brasileiro da Série A de 2002 no Morumbi.

Aos 37 do primeiro tempo, o rápido e habilidoso camisa 7 vai para cima do lateral-direito do Timão e numa sequência de oito pedaladas invade a área e é derrubado pelo adversário. Pênalti marcado e convertido rumo ao título de 2002.

San-São – São Paulo

Os confrontos entre santistas e tricolores apresentam uma rivalidade entre dois clubes de cidades de geografias diferentes. O Santos do litoral e as praias e o São Paulo da metrópole de concreto. No duelo o Santos leve vantagem do alvinegro praiano quando o assunto é decisão: são quatro vitórias no Paulistão (1956, 1967, 1969 e 1978), enquanto o Tricolor vencer as decisões de 1980 e 2000.

Em 2002, quartas de final do Brasileirão, e o Peixe enfrentaria o Tricolor, melhor equipe do campeonato até então com jogadores como: Kaká, Ricardinho, Luís Fabiano e Reinaldo. Diego, Robinho e companhia chegavam como azarões.

No jogo de ida na Vila Belmiro 3 a 1 para os mandantes. Na volta, Morumbi lotado para presenciar a classificação do Peixe em um jogo também marcado pela polêmica comemoração de Diego que pisou no escudo do São Paulo.

Clássico da Saudade – Palmeiras

Principalmente nos anos 60, dois geniais camisas 10 e por isso, o nome do clássico. O Santos de Pelé e o Palmeiras de Ademir da Guia protagonizaram o futebol bonito do país naquele momento e os amantes da bola sentem saudades desses tempos.

Semifinal da Taça Brasil de 1964, dois jogos no Pacaembu com duas vitórias para o Peixe. 3 a 2 no jogo 1 e um acachapante 4 a 0 na partida de volta eliminaram a Academia da competição.