O Clube

História do Cruzeiro

Uma paixão avassaladora e intensa na cor azul! Um escudo que simboliza a constelação de títulos e estrelas que desfilaram com o manto celeste. Aqui está o Cruzeiro Esporte Clube!

O início

No dia 02 de janeiro de 1921, nascia, por meio da comunidade Italiana em Belo Horizonte, Minas Gerais, a Società Sportiva Palestra Itália, tornando-se ao longo do tempo um dos times mais vitoriosos do Brasil. 

Também surgindo através de funcionários italianos de uma grande fábrica na Capital,  a iniciativa começou em Minas Gerais, inspirada na que aconteceu em São Paulo, conhecida atualmente como Palmeiras, mas também batizado de Palestra Itália na época. A união entre imigrantes e a classe trabalhadora do estado tinha como objetivo fazer frente aos três grandes de Belo Horizonte que já se projetavam na cidade: o Atlético-MG, maior rival até hoje, o América-MG e o Yale, que foi extinto em 1930.

Apesar de ser parte da classe trabalhadora, a alta classe de Belo Horizonte também fez parte do processo de surgimento do time, inclusive a chapa de primeiro presidente, o médico Aurélio Noce, e o primeiro vice-presidente, o escritor Giuseppe Perona, fazem parte desse grupo. A classe operária compunha o elenco, como era comum na época.

Itália no sangueVerde, vermelho e dourado

Como homenagem à Itália, o escudo do clube era verde e vermelho e detalhes dourados, já a camisa principal levava a cor verde como destaque.

O azul, hoje conhecido como cor oficial do clube, era usada pelo Yale, um dos principais rivais da época.

Estréia vitoriosa

Ainda em 1921, o Palestra Itália já se inscreveu na Liga Mineira de Desportos Terrestres (LMDT), para participar do campeonato daquele ano.

Três meses depois da fundação, em 3 de abril de 1921, a equipe entrou em campo pela primeira vez para enfrentar um combinado do Villa Nova e do Palmeiras. A equipe recém formada venceu por 2 a 0 com gols do atacante João Lazarotti. Um total de 1500 torcedores presenciaram essa partida histórica.

O Palestra Itália terminou o campeonato estadual daquele ano na penúltima colocação.

Entre fundar um time e ter elenco para competir, os times encontram certa dificuldade. O Cruzeiro não passou por esse problema. Ao abrir as inscrições, 16 jogadores que defendiam a bandeira do Yale, que tinha certa predominância de italianos, saíram do clube e escolheram defender a camisa do Palestra. A troca de times causou um desconforto entre os dois clubes.

A primeira casa

Foto: Reprodução/Wikipédia

Já em 1923, o Palestra já tinha um quarteirão inteiro e construiu o Estádio Juscelino Kubitschek de Oliveira,. Ao contrário dos rivais, o Cabuloso não pediu um terreno ao poder público, como era comum à época. A diretoria optou por comprar da própria Prefeitura.

O primeiro jogo disputado no estádio foi no dia 1º de julho, entre os Palestras, e os donos da casa venceram por 6 a 2. Já a partida inaugural foi um empate com o Flamengo em 3 a 3, no dia 27 de setembro de 1923. O estádio foi usado até 1986, quando passou por reconstrução e se tornou clube para sócios e hoje funciona como espaço para a categoria de base do Cruzeiro.

As primeiras taças

Na primeira década de fundação, o clube venceu o Campeonato Mineiro duas vezes seguidas, em 1928 e 1929. Ainda como Palestra, venceu o estadual de 1930, sendo tricampeão e em 1940.

Três jogadores com a letra inicial “N”, se destacam pelo clube: os atacantes Niginho e Ninão, e o lateral-esquerdo Nininho. O primeiro e o último disputaram Copas do Mundo pelo Brasil em 1938 e 1934 respectivamente.

Surge o Cruzeiro

Em 1942, o Brasil entrou na Segunda Guerra Mundial e um decreto do Governo Federal proíbe símbolos e termos que remetessem aos países do Eixo, composto por Itália, Alemanha e Japão. No fim de setembro do mesmo ano, o time adotou o nome Ypiranga, mas jogou somente um jogo com o novo nome, já que oito dias depois, no dia 7 de outubro, achou melhor trocar o nome pelo Cruzeiro Esporte Clube.

A camisa, antes verde, agora viraria azul, em referência nada discreta, mas não tão óbvia, a Squadra Azzurra (Seleção Italiana de Futebol), que usa a mesma cor em seus uniformes. A constelação é uma homenagem ao Brasil, já que imita a mesma que tem no centro da bandeira do país, por isso é posicionada segundo o olhar de quem ver de fora da esfera celeste.

De lá, até ahoje, o o simbolo de clube passou por diversas atualizações.

Símbolos mudando de acordo com o tempo. Imagem: Reprodução/Cruzeiro

Nome novo, mais um tricampeonato e um mascote

Já como Cruzeiro, o time ganhou mais um tricampeonato estadual em 1943, 1944 e 1945. Neste ano também surgiu a Raposa, mascote do clube desenhada pelo chargista Fernando Pieruccetti.

Ainda em 1945, o cartunista Fernando Pieruccetti, o Mangabeira, do jornal Folha de Minas, criou as mascotes dos clubes que disputavam o campeonato da cidade. Ele escolheu uma Raposa para representar o Cruzeiro, devido a astúcia do clube em descobrir jovens talentos do nosso futebol antes dos rivais.

Um super Cruzeiro

Após uma década de 50 com dois estaduais (56 e 59), os anos 60 foram dourados para a parte azul de Minas. Sob o comando dos técnicos Airton Moreira (65 a 67)Orlando Fantoni (67 a 68) e Gérson Santos (69), e um elenco formado por: Raul, Pedro Paulo, Willian, Fontana, Procópio e Neco, Piazza, Zé Carlos, Dirceu Lopes, Natal, Tostão e Hílton Oliveira, o Cruzeiro “bateu de frente” com os clubes do Rio de Janeiro e São Paulo como Botafogo de Garrincha e o Santos de Pelé para imprimir uma fileira de títulos. No Estado, o penta de 65 a 69, e na Taça Brasil, o caneco de 1966.

Nessa constelação de craques uma estrela se destacava. Tostão veio do América-MG em 1964 e ficou até 1972. Neste período, marcou 245 gols em 383 jogos e comandou o time celeste na histórica vitória na decisão da Taça Brasil de 66 contra o Santos de Pelé. Tostão é o maior artilheiro da história do Cruzeiro.

A conquista da América

Em 1976, o Cruzeiro repete um feito até então realizado apenas pelo Santos de Pelé, conquistando a Taça Libertadores numa disputa de três partidas contra o River Plate-ARG. O time da final: Raul, Moraes, D. Menezes, Nelinho, Vanderlei, Piazza, Zé Carlos, Eduardo, Joãozinho, Jairzinho e Palhinha.

Campanha exitosa mas, uma tragédia abalou a todos. A morte do jogador Roberto Batata em um acidente de carro na rodovia Fernão Dias.

Na final do Mundial Interclubes, nova derrota para o Bayern de Munique de Beckenbauer, Gerd Müller e Maier.

Os anos 70 também tiveram cinco títulos mineiros e dois vice-campeonatos brasileiros em 74 perdendo para o Vasco e 75 para o Inter-RS.

Vitórias e o nascimento de um fenômeno

A torcida celeste acostumada aos títulos em quantidade passou os anos 80 apenas com dois Campeonatos Mineiros (84 e 87), todavia, um mar de conquistas viria na década seguinte.

Uma simbiose foi criada entre a Raposa e os troféus. Uma Libertadores (97), duas Supercopas da Libertadores (91 e 92), duas Copas do Brasil (93 e 96), seis estaduais (90, 92, 94, 96, 97 e 98), uma Recopa Sul-Americana (98), entre outros títulos fizeram a alegria celeste neste período.

Além da sala de troféus recheada, os cruzeirenses ganharam ídolos para todas as gerações: Roberto Gaúcho, Renato Gaúcho, Nonato, Marcelo Ramos, Dida, Fábio Junior, Alex Alves e um fenômeno chamado Ronaldo Nazário estampam as paredes azuis de Minas.

Ronaldo, um capítulo à parte

Vindo do São Cristóvão-RJ, coube ao destino que a estreia do adolescente Ronaldinho (16 anos) fosse em um estádio chamado Ronaldão em Poços de Caldas. Vitória do Cruzeiro sobre a Caldense por 1 a 0 no dia 25 de maio de 1993.

Quebrada a barreira do primeiro jogo, o ainda Ronaldinho premiou a torcida cruzeirense com verdadeiros shows de atuação. Quem esquece daquele 6 a 0 contra o Bahia no Mineirão e aquele gol “esperto” pegando a bola numa bobeira do experiente goleiro uruguaio Rodolfo Rodriguez, ou aquele show diante do Boca Juniors-ARG mais uma vez no Mineirão?!

Como um meteoro, foram 58 jogos, 56 gols e 55 partidas como titular no Cruzeiro e um caso de amor que renderia frutos muito tempo depois.

Ronaldo, em última partida pelo cruzeiro.- Foto: Reprodução/Vídeo

A Tríplice Coroa

A primeira metade da década de 2000 trouxe para o Cruzeiro o título da Copa do Brasil numa final emocionante contra o São Paulo no Mineirão com quase 90 mil pessoas. Jogo empatado por 1 a 1 e falta para a Raposa na frente da área aos 45 do segundo tempo. Geovanni cobra forte a bola passa pelo meio da barreira e explosão da torcida no estádio, era o gol do título. Aquele elenco teve Oséas, autêntico camisa 9 e artilheiro do campeonato com 10 tentos anotados e Sorín, o lateral-esquerdo argentino que conquistou o coração azul de Minas.

Campeão da Copa Sul-Minas em 2001 e 2002, o Cruzeiro alçou o voo para a eternidade em 2003. No banco, Vanderlei Luxemburgo, no campo, Gomes, Maurinho, Cris, Edu Dracena, Leandro, Maldonado, Augusto Recife, Wendell, Zinho, o mestre Alex e Deivid, além de todo um forte elenco, tornou o clube o primeiro do Brasil a conquistar a Tríplice Coroa: Copa do Brasil, Campeonato Estadual e Campeonato Brasileiro.

Na Libertadores de 2009, o coração cruzeirense chorou pela derrota na final em pleno Mineirão para o Estudiantes-ARG.

 

Anos 2000 parte 2; sentimentos antagônicos

Por um lado, a Celeste Azul de Minas se consolida como papão de títulos nacionais, com o bicampeonato brasileiro em 2013/2014, e o maior campeão da Copa do Brasil (6x) com o bi nas temporadas 2017 e 2018, o ano seguinte marca o rebaixamento do clube para a Série B do Brasileirão, algo inacreditável para a torcida cruzeirense e quem acompanha o futebol.

Como um clube tão vencedor recentemente pode cair – literalmente – tanto? E o pior, o calvário da Série B durou três anos (2020, 2021 e 2022) e lembra, aquele caso de amor que teve um hiato em 1994? Pois é, Ronaldo “Fenômeno” retornou ao clube, agora como administrador da SAF do Cruzeiro no início de 2022 e no segundo semestre, conquistou o caneco da Série B e a volta da Raposa à elite do futebol brasileiro.

Tostão

Nos anos 60, o eixo Rio-São Paulo dominava as ações do cenário tupiniquim principalmente com o Santos de Pelé e o Palmeiras de Ademir da Guia porém, um clube capitaneado por um gênio da bola ousou quebrar aquela hegemonia. Esse clube foi o Cruzeiro do genial Tostão.

O “mineirinho de ouro” começou a carreira no América-MG (62 e 63) depois, desembarcou no Cruzeiro em 1964. Habilidoso, inteligente e com uma visão de jogo fora do comum, Tostão não demoraria muito para fazer a Celeste romper as barreiras estaduais para protagonizar o futebol nacional.

Ao lado de nomes que também escreveram a história azul como Piazza, Dirceu Lopes, Raul e Natal, Tostão ganhou o campeonato mineiro de 1965, o primeiro após a inauguração do estádio Mineirão.

Na temporada seguinte (66), novo título em Minas Gerais com Tostão artilheiro marcando 18 gols. Mas, o melhor estava reservado para a principal competição do país.

Após uma campanha que derrotou o Americano-RJ, Grêmio e Fluminense, o Cruzeiro chegava para decidir o certame contra o temido alvinegro praiano.

Dia 30 de novembro de 1966 no Mineirão, dia que o Cruzeiro aplicou uma sonora goleada no Santos por incríveis 6 a 2, e com um detalhe! 5 a 0 só no primeiro tempo.

Pelé, Pepe, Dorval, Toninho Guerreiro, Gilmar, Zito, Lima, Carlos Alberto Torres e Mauro Ramos estavam sem acreditar naquele resultado.

Do outro lado, uma torcida simplesmente alucinada comemorava o placar histórico sobre o então favorito ao título. Festa em Belo Horizonte para a constelação azul, implacável algoz do Santos naquela final.

Na partida de volta no Pacaembu, a chuva e um momento ímpar foram personagens do jogo. O gramado molhado prejudicava o rápido time do Cruzeiro e o Santos se aproveitou para abrir 2 a 0, com Pelé e Toninho e aí, surgiu o fato que mexeu com os cruzeirenses. No intervalo o presidente santista Athiê Jorge Cury foi ao vestiário do Cruzeiro para acertar detalhes do terceiro jogo! O presidente do clube expulsou o colega santista e ainda “atiçou” os brios azuis e o segundo tempo foi diferente.

Tostão marcou um golaço de falta aos 12, Dirceu Lopes empatou aos 28 e Natal fez o gol da virada aos 44. Mais uma vitória do Cruzeiro sobre o Santos, Taça Brasil no “bolso” e o futebol brasileiro aos pés de Tostão.

O clássico

O jogo entre Cruzeiro e Atlético Mineiro é um dos principais clássicos do futebol brasileiro. Uma partida que transcende as fronteiras de Minas Gerais e aguardada pelos torcedores da raposa, do galo e de quem gosta do futebol.

Em 1994, a celeste contava (ainda) no elenco com o jovem Ronaldo, um meteoro que viraria fenômeno. No dia 06 de março de daquele ano o superclássico mineiro reuniu o Cruzeiro de Ronaldo, Dida, Nonato, Toninho Cerezo, Roberto Gaúcho contra a badalada SeleGalo de Neto, Renato Gaúcho, Luiz Carlos Winck e Gaúcho.

Numa atuação inesquecível e de muita personalidade, Ronaldo balançou as redes atleticanas três vezes e viu o Cruzeiro sair vencedor da partida por 3 a 1.