O melhor em tudo: Santos de 62 conquista a primeira quádrupla coroa na história do clube

Relembre os títulos do Santos em 62, o ano que se tornaram donos do estado, do Brasil, da América Latina e do mundo

O ano era 1962, e Pelé, Pepe e companhia, faziam história defendendo a camisa do Santos.Vencer uma grande competição já é difícil. Vencer grandes competições no mesmo ano, é só para máquinas de jogar futebol, e o Santos da época era uma máquina de jogar futebol. 

Veja os títulos e um pouco da campanha em cada conquista:

Santos foi campeão da Libertadores de 1962.- Foto: Reprodução/Conmebol

Campeonato Paulista

O Campeonato Paulista de 1962 foi disputado no formato de pontos corridos, com as equipes se enfrentando em dois turnos, semelhante a como o Brasileirão é atualmente. Dezesseis clubes participaram da competição, que consagraria campeão quem chegasse na última rodada com mais pontos somados nas trinta rodadas.

Apesar de em 62, o Brasil já ter avançado bastante em locomoção e transporte interno, as competições estaduais ainda eram priorizadas e tinha um calendário mais extenso, o que agregava ainda mais importância a esse título. No estado de São Paulo, então, que tinha grandes times como o próprio Santos, o Palmeiras, o São Paulo,o Corinthians e a Portuguesa, ficava tudo ainda mais interessante.

Sem sentir o desgaste e dominando desde o início, o Santos de Pelé venceu as sete primeiras rodadas, empatou a oitava e a nona, e emplacou mais cinco vitórias até perder a invencibilidade para a Portuguesa, na última rodada do primeiro turno, depois de perder por 3 a 2. Foram 26 pontos somados em uma campanha com pouco mais de 86% de aproveitamento até então.

Depois da derrota, mais uma sequência de quatro vitórias, foram mais alguns empates pelo caminho, até voltar a vencer e ser consagrado campeão da competição no Pacaembu, depois de vencer o São Paulo por 5 a 2, com um gol de Coutinho, dois de Durval, um de Pelé e um de Pepe. Nessa altura do campeonato, o time tinha 47 pontos.

A partida seguinte ao título foi mais uma derrota, a segunda em toda a competição, dessa vez para o Esportivo por 2 a 1, mas não tinha mais importância já que o título estava garantido. Para encerrar bem, o Santos voltou a vencer nas duas últimas rodadas e terminou a temporada com 51 pontos, depois de vencer 23 jogos, empatar 5 e perder dois. Uma total de 85% de aproveitamento. 

Balançar as redes com bastante frequência era outra característica dessa geração multicampeã. Em 30 jogos, o Santos marcou 102 gols e sofreu somente 31. As goleadas mais expressivas foram um 7 a 2 contra a Ferroviária, um 6 a 2 contra o Comercial e um 8 a 2 e um massivo 8 contra o Jabaquara.

Quanto aos clássicos, o Santos não tomou conhecimento dos rivais e garantiu vitória contra todos. O melhor resultado conquistado por eles está na conta do São Paulo, que empatou em 3 a 3, jogando na casa do time santista. Contra o Corinthians, um potente 5 a 2 no primeiro turno e um discreto 2 a 1 no segundo. Contra o Palmeiras, um 4 a 2 no turno de ida e um 3 a 0 no returno. Contra o São Paulo, além do empate no primeiro turno, o time sagrou-se campeão vencendo o rival por 5 a 2.

Campeonato Brasileiro

A Taça Brasil, como era chamada na época, era um campeonato com calendário menor e era dividido em grupos: o grupo norte, o grupo sul, o grupo leste e o grupo oeste. Esses grupos se enfrentavam para disputar duas vagas na fase final, uma que iria pro campeão da Taça Norte (grupo norte x grupo nordeste) e outra pro campeão da Taça Sul (grupo sul x grupo sudeste). O formato da disputa era mata-mata com jogos de ida e volta. 

Na fase final, o Santos de Pelé já tinha vaga garantida, e junto ao Botafogo, esperava para descobrir o seu adversário na competição ao fim da fase regional. O quadrangular final era no formato mais básico: duas semifinais, partidas de ida e volta, e a grande final.

De camarote, o Peixe assistiu ao Sport vencendo o Campinense na final da Taça Norte, e o Internacional vencer o Cruzeiro na Taça Norte. Entre os dois campeões, o adversário do Santos foi o Leão da Ilha do Retiro.

Semifinal

O Santos precisou somente de dois jogos para garantir a vaga na final. Depois de um empate em 1 a 1 no primeiro jogo, a equipe de Pelé venceu o segundo jogo sem grandes dificuldades, por 4 a 0. A vaga na final estava garantida.

O adversário na grande decisão seria o Botafogo, que precisou de três jogos para eliminar o Internacional, já que os dois primeiros jogos terminaram em 2 a 2. No terceiro, vitória por 2 a 0.

Grande decisão

Era o Botafogo de Zagallo contra o Santos de Pelé, disputando a grande final do campeonato brasileiro. Três jogos para decidir o Campeão Brasimeiro daquele ano.

O jogo de ida foi no Pacaembú, e o Santos esteve atrás do placar, mas conseguiu vencer. Quarentinha abriu o placar para o Botafogo, mas Pepe e Coutinho colocaram o Santos na frente mais uma vez. Dorival ampliou para 3 a 1, mas logo Amoroso diminuiu. O Santos ainda fez mais um com Pepe e o Botafogo diminuiu com Amarildo, mas terminou assim mesmo com vitória do Santos. 4 a 3 no jogo 1!

O jogo dois foi no Maracanã, cada do adversário, que como mandante, mandou mesmo na partida. Edison, Quarentinha e Amarildo marcaram cada um seu gol e o Botafogo abriu 3 a 0. Rolado chegou a diminuir, mas não conseguiu inverter o placar. Terminou por 3 a 1, com o agregado em 5 a 4 para o adversário.

70 mil pessoas no Maracanã para assistir a grande final. O Botafogo jogava em casa, com o placar a seu favor, mas foi o Peixe que fez o jogo acontecer e Dorval abriu o placar, Pepe ampliou, Coutinho o terceiro e Pelé sacramentou, marcando dois e fechando a partida em cinco a zero. Goleado e título brasileiro.

Libertadores

Com o título brasileiro, a equipe de Santos ganhou o direito de representar o Brasil na Libertadores, que era disputada em formato semelhante ao atual, mas com menos times: nove clubes eram divididos em três, e o primeiro de lugar de cada grupo se classificava para a final, que já tinha o Peñarol, atual campeão.

O Santos ficou no grupo A, com Cerro Porteño e Deportivo Municipal de adversário. Dos 4 jogos que disputou, venceu 3 e empatou 1, avançando sem grandes dificuldades.

Na semifinal, o adversário foi a Universidad Católica, e depois de empatar em 1 a 1 no Chile, a equipe brasileira venceu por 1 a 0 jogando em casa e avançou para a final.

A grande final foi entre Santos e Peñarol, o atual campeão, mas o Peixe não se intimidou com títulos passados e venceu o primeiro por 2 a 1, jogando na casa do adversário. O Peñarol até mostrou toda sua força ganhando do alvinegro na Vila Belmiro por 3 a 2, mas na hora de decidir de fato, brilhou a estrela de Pelé, que marcou dois no último jogo da grande decisão, que o Santos venceu por 3 a 0. Era um surpreendente 7 a 4 no agregado, o título da Libertadores e a vaga na Copa Intercontinental.

Copa Intercontinental

Considerado o mundial da época, a competição colocava cara a cara o campeão europeu e o campeão da América. Santos enfrentou o Benfica tentando se tornar o melhor time do mundo.

Primeiro jogo no Maracanã, para 85 mil torcedores, e o Santos venceu por 3 a 2, com dois gols de Pelé e um do Coutinho. 

No jogo de ida, zero emoção, apenas dominação santista. O time brasileiro fez a festa no Estádio da Luz, em Portugal, e venceu por 5 a 2, com três gols do Rei do Futebol, um de Pepe e um de Coutinho. Era o quarto título importante no mesmo ano e, primeira a quádrupla coroa santista.