O Clube

A história do Flamengo

Falar do Flamengo é tirar um tempo para viajar na história, pelas grandes conquistas e a loucura apaixonante da sua torcida, que carrega um grande legado de amor pelo clube desde o início de tudo. Por isso, vamos viajar no tempo agora, com a história do clube de maior torcida do Brasil, e uma das maiores do mundo, que mexe com todos nós, pelas glórias que traz em suas conquistas, desde os mares até os gramados, “seja na terra, seja no mar”. 

Início com o pé nas águas…

A história do Flamengo tem início em 17 de novembro de 1985, mas não nos gramados, e sim nas águas, com o remo, esporte mais popular da época no Rio de Janeiro, que originou o nome: Clube de Regatas do Flamengo. Com a badalação do remo nas praias da Cidade Maravilhosa, a praia do Flamengo também ganhou seu grupo, que representaria o lugar nas principais competições da época, iniciando os trabalhos com Augusto Lopes da Silveira, José Agostinho Pereira da Cunha, Mário Spíndola e Nestor de Barros, que foram os primeiros responsáveis por criar o Mengão. Eles compraram o primeiro barco, chamado de Pherusa, que tempos depois sofreria um naufrágio e daria lugar ao barco Scyra, que estava com o grupo flamenguista na marcante data de fundação do clube de regatas. 

Foto: Reprodução Wikipédia / Domínio Público

Cores do manto

O manto da nação é sagrado… quem é Flamengo sabe. Segundo historiadores, o azul e dourado foram às primeiras cores escolhidas para o uniforme do grupo de regatas, com uma variação intercalada em faixas largas horizontais, que viria a sofrer modificações feitas por Nestor de Barros, que implementou as cores vermelha e preta ao amado manto do Mengão, quase um ano após a fundação do grupo. Uma escolha que não poderia ser diferente, cores que representam uma nação!

Foto: Reprodução Wikipédia / Domínio Público

Dos mares para a terra

Algo muito grandioso estava por vir, o surgimento de uma paixão inexplicável. Anos mais tarde outro esporte tomaria o coração dos cariocas, o futebol. Com isso, surgiu o departamento de jogos terrestres no clube, em 1911, no dia 8 de novembro, dirigido por Alberto Borgeth. Vale lembrar que essa fundação surgiu a partir de uma cisão no Fluminense, quando muitos jogadores do tricolor vieram para o Rubro-negro.

Foto: Reprodução Fla Resenha

Primeiras conquistas no futebol

Em 1912 o clube entra pela primeira vez em campo, no dia de 03 de maio, vencendo seu primeiro duelo de goleada sobre o Mangueira, por 15 x 2, no campo do América, com a primeira formação do clube formada por:  Baena, Píndaro e Nery; Coriol, Gilberto e Galo; Bahiano, Arnaldo, Amarante, Gustavo e Borgerth.

Com um time entrosado e empolgado pelo começo, logo veio o primeiro título do clube. Naquele mesmo ano o Flamengo ganhou seu primeiro Campeonato Carioca, com uma rodada de antecedência, após vencer o Fluminense por 2×1, com Riemer fazendo o gol do título.

Foto: Reprodução Wikipédia / Domínio Público

Consolidação nos gramados

Aquela paixão estava se tornando em amor… Essa conquista do Estadual consolidou o time que só cresceu ao longo dos anos, com outros tantos títulos como Campeonato Carioca; Campeonato Carioca de 2º Quadro; Troféu Torre Sport Club-PE; Troféu Agência Hudson-PE; Troféu Jornal do Comércio de Pernambuco-PE; e Troféu Sérgio de Loreto-PE. Foi o time que mais teve conquistas em um ano até 1926 – o primeiro recorde. Conquistou também o título de clube mais amado do país no ano seguinte a partir de um concurso do Jornal do Brasil, que trouxe para o Mengão a Taça Salutaris. 

Foto: Herbert Knetsch / Revista do Globo

Rivais do Rio

O Clássico dos Milhões

Quando o assunto é rivalidade, o torcedor do Flamengo lembra logo de seu maior rival, o Vasco da Gama. O “Clássico dos Milhões” é um dos mais tradicionais e de grande disputa do futebol brasileiro, por trazer sempre diversos craques no embate em campo. O nome do clássico se deu em 1920 justamente por serem as maiores torcidas do estado do Rio de Janeiro, sendo a primeira partida entre os clubes disputada em 1923, com a ascensão do Vasco à primeira divisão Carioca. Ao longo do tempo a rivalidade foi crescendo entre ambos e, a partir dos anos 1970, o duelo ficou cada vez mais acirrado, tendo ambos vencido a final de cada uma das fases do Carioca quase todos os anos até o início dos anos 2000. Grandes jogos foram protagonizados por ambas as equipes, sobretudo nas épocas dos ídolos de cada time: Zico e Roberto Dinamite, entre 1971 e 1993.

Foto: Reprodução/Fla Sampa

Fla-Flu: uma história de rivalidade

Quando se fala que vai ter Fla-Flu, a tensão entre os torcedores já começa fora de campo. Essa rivalidade teve início ainda no começo dos clubes no futebol, em 1911, quando atletas do Fluminense foram para o Flamengo após um desentendimento no clube das Laranjeiras. Daí, em julho do mesmo ano, ambos se enfrentaram pela primeira vez, com a vitória do Flu por 3 a 2. Por isso Nelson Gonçalves certa vez disse que “o clássico teria sido gerado no ressentimento”. Muitas peculiaridades formam esse dérbi, entre elas, a de levar a alcunha de “Clássico das Multidões” – por ter o recorde mundial de público de partida entre clubes com 193.603 torcedores, na final do Carioca de 1963 – vencido pelo Flamengo. Grandes jogadores fizeram o clássico ao longo da história, de Leônidas da Silva a Zico, Leandro, Romário, Assis, Rivelino, Fred, Renato Gaúcho, Branco, Petkovic, Ronaldinho Gaúcho, Edmundo, Conca, Thiago Neves, Adriano, entre outros.

Foto: Reprodução/Jornalheiros

“Clássico da Rivalidade”

Flamenguistas e botafoguenses sabem muito bem o que significa essa expressão: “Clássico da Rivalidade”. O nome é autoexplicativo, mas vale explicar que se deu devido a grande rivalidade entre as equipe, que começou antes do futebol, no final do século XIX, na época do remo, esporte que originou ambos os clubes para o futebol. Nos gramados, o embate já começou com resquícios dos mares, tendo o primeiro confronto entre os times acontecido em 1913. Mas esse título de “Clássico da Rivalidade”, no futebol só veio nos anos 1960. E outra grande história estava para surgir na época, com um fato inusitado a partir de um jogo entre os times: em 1º de junho de 1969 foi criado o mascote rubro-negro, o urubu, após torcedores do Flamengo lançarem um urubu em campo, respondendo aos aplausos racistas de urubu do Botafogo e torcedores de outras equipes. Grandes atletas fizeram este duelo ser um dos grandes do nosso futebol, entre eles, os artilheiros: Zico foi quem mais balançou as redes para o Mengão no clássico, com 16 tentos, enquanto Heleno de Freitas, pelo Botafogo, é o maior artilheiro do embate, com 22 gols. A rivalidade segue firme até os dias de hoje, com as equipes sempre protagonizando bons duelos e fazendo novas histórias para suas respectivas torcidas.

Foto: Reprodução/Flamengo Alternativo

Início de uma nova era

O torcedor apaixonado e vidrado na história do clube com certeza vai pensar e imaginar que o futuro estava estampado nos anos 30. Isso porque a primeira aparição do clube fora do país foi em 1933 e, no mesmo ano, venceu o River Plate em seu último jogo como time amador – ou seja, venceu como time amador e foi campeão como profissional sobre os argentinos 90 anos depois. A partir de 1934, o clube chega a sua profissionalização com um grande crescimento dentro e fora de campo. Com o passar dos anos, foi reforçando seu elenco com nomes importantes do desporto nacional, ao trazer medalhões como Domingos da Guia e Leônidas da Silva – o primeiro grande goleador da Seleção Brasileira em uma Copa do Mundo, em 1938. O primeiro título internacional veio em 1949, quando o Mengão conquistou o Troféu Embaixada Brasileira da Guatemala e o Troféu Comitê Olímpico Nacional da Guatemala, sobre o time do país.

Foto: Reprodução/Flamengo RJ

Grandes elencos e conquistas

Vai preparando o coração aí, que vem mais história e das boas, rubro-negro. Nos anos posteriores o time começou a viver anos dourados, com formação de grandes times, vivenciando momentos de glória. Taça dos Campeões, em 1956, foi o primeiro torneio importante conquistado no período, vencendo o Santos por 2 a 1. No ano seguinte, o Fla venceu o Torneio Internacional do Morumbi, realizado pelo São Paulo, como celebração pela inauguração do estádio do Tricolor Paulista. Quatro anos depois, o Mengão foi campeão do maior torneio da época, o Rio-São Paulo, anos depois, na década de 1960, o clube conquistaria ainda algumas taças em torneios internacionais como Torneio Octogonal Sul-Americano de Verão – 1961; Torneio Quadrangular da Tunísia – 1962; Troféu Naranja (Espanha) – 1964; Torneio Quadrangular do Equador – 1966; Torneio Quadrangular de Marrocos – 1968.

Foto: Reprodução/Amino Apps

Mengão de Zico a serviço da Seleção e Pelé com o manto rubro-negro

Quando o torcedor rubro-negro se gaba de ser celeiro de craques e chamar a equipe de “seleção”, não é à toa, está na história! Em 1970, o clube mostrava sua força para o mundo ao servir a Seleção Brasileira com grandes craques como Zico, Leandro, Júnior e Andrade. Esses atletas ajudaram o time a conquistar outros títulos como a primeira Taça Guanabara, o Torneio do Povo – composto por clubes de maiores torcida do país e a Taça José João Altafini “Mazolla” após vencer a Juventus da Itália. Com Zico à frente deste time, o Mengão completava 52 jogos invictos após vencer o Campo Grande, chegando ao recorde nacional até então do Botafogo. Foi nesse mesmo ano que Pelé brilhou usando a camisa rubro-negra ao lado de Zico e de Júlio César.

O time que já era sensação dos anos 1970 ainda tinha muito a conquistar. Zico comandou o Mengão em uma era pra lá de vencedora do clube, com a grande conquistas do primeiro Campeonato Brasileiro – num ano épico em 1980, tida como a maior conquista daquele elenco de 70, numa temporada onde o time teve apenas uma derrota, garantindo passagem para a sonhada Libertadores pela primeira vez. 

Foto: Luiz Pinto / Agência O Globo

A América e o Mundo são Rubro-Negros

A primeira vez a gente nunca esquece! É assim o sentimento dos flamenguistas sobre a Libertadores de 1981, a primeira do clube. Eles nunca esquecem tudo que envolveu o time naquela conquista comandada por Zico e o maestro Júnior, com um timaço dirigido por Paulo César Carpegiani. O Flamengo estava no grupo 3 com Atlético-MG, Cerro Porteño e Olímpia, ou seja, uma chave duríssima, com grandes equipes. E ainda tinha outro fator que exigia mais do time, naquele ano o regulamento só permitia a classificação de um clube por grupo, que iria direto para as semifinais. Daí que começa a rivalidade mais ostensiva entre Galo e Mengão, pois ambos terminaram com oito pontos cada e, assim, tiveram que fazer um jogo extra para definir o melhor do grupo. A partida com requintes de uma finalíssima aconteceu no Estádio Serra Dourada, em Goiás, no dia 21 de agosto. Como era de se esperar, o jogo foi inesquecível pela forma como terminou: com cinco jogadores expulsos do time mineiro, o que determinou a vitória do Flamengo por W.O – já que por regra uma equipe não pode estar em campo com apenas cinco jogadores, como nesta partida. Com isso, esse confronto ficou batizado como o “jogo que não terminou”, e conhecida como uma das partidas mais polêmicas da história do futebol brasileiro.

Depois deste episódio com peculiaridades de campeão, o Rubro-Negro fez valer seu poder de equipe nas semis, no triangular com Deportivo Cali e Jorge Wilstermann. O Fla venceu todos os jogos desta fase, em casa e fora, e avançou com folga para a grande final.  

O time formado por Raul, Nei Dias, Marinho, Mozer, Júnior, Andrade, Leandro, Zico, Tita, Nunes e Adílio já estava pronto para conquistar a América. Na final contra o Cobreloa, o Mengão mostrou seu favoritismo diante dos chilenos, vencendo o duelo por 2 a 0, com dois gols de Zico – no jogo do desempate no Estádio Centenário, em Montevidéu, no Uruguai. Antes dessa partida, ocorreram dois jogos de ida e volta: 2×1 para o Fla no Maracanã na ida (gols de Zico); derrota por 1×0 na volta, no Estádio Nacional, em Santiago. Ali todos estavam rendidos ao futebol arte, ao brilhantismo de grandes craques que estamparam seus nomes na história do clube para sempre, deixando um legado que seria eternizado com outro título a seguir…

A conquista da Copa Libertadores da América levou o clube ao Mundial de Clubes daquele mesmo ano. Ah, o Mundial! Era o desejo de todos os clubes da América do Sul, pois mudava o status da equipe para o planeta, e naquela época os times brasileiros batiam de frente com os europeus, como aconteceu com o Fla. Diante de um Liverpool empolgado pela conquista da sua terceira UEFA Champions League, sobre o Real Madrid, o Mengão não abriu da parada e foi para cima, em busca da glória maior.

Foto: Masahide Tomikoshi

O técnico Paulo César Carpegiani tinha a formação base da Libertadores à disposição, e o time que entrou em campo no Estádio Nacional de Tóquio, no Japão, na final em jogo único – como era o Mundial na época – foi: Raul, Leandro, Marinho, Mozer e Júnior; Andrade, Adílio e Zico; Lico, Tita e Nunes. Na ocasião, o clube passou pelos ingleses vencendo por 3 a 0, com gols de Nunes (2) e Adílio. Ali o mundo conheceu o Mengão para sempre.

Zico no Flamengo e suas conquistas

Esse jogo da final do Mundial garantiu a Zico o título de melhor jogador da decisão, além de marcar seu nome para sempre na história do futebol. Este mesmo time da era Zico conquistou ainda outras grandes competições, como os Campeonatos Brasileiros de 1982, 1983 e 1987. Ao longo de sua trajetória com a camisa rubro-negra, o Galinho de Quintino tornou-se o maior ídolo do Flamengo com 509 gols marcados em 732 jogos disputados, o craque ficou na Gávea entre 1974 a 1983. No período, o eterno camisa 10 conquistou 25 títulos: Copa Libertadores (1981), Copa Intercontinental (1981), Campeonato Brasileiro (1980, 1982, 1983), Copa União (1987), Campeonato Carioca (1972, 1974, 1978, 1979, 1979 (especial), 1981, 1986), Taça Guanabara (1972, 1973, 1978, 1979, 1980, 1981, 1982, 1988,1989) e Taça Rio (1978, 1985, 1986).

Foto: Reprodução/ Youtube

Renovação e novas conquistas 

Após uma década inesquecível com grandes títulos, o Flamengo começa a renovar o elenco com outros grandes jogadores de uma nova geração que despontava na Gávea com nomes como Júnior Baiano, Piá, Fabinho, Marcelinho Carioca, Paulo Nunes e Djalminha. Com eles, outros mais experientes como Júnior, Renato Gaúcho, Zinho, Zé Carlos, entre outros. Resultado desse time são as conquistas da Copa do Brasil em 1990 (invicto), o Estadual do Rio, em 1991 e o Campeonato Brasileiro em 1992. Mais tarde, ainda nesta década, outra geração chegaria para marcar história no clube, com craques como Athirson, Clemer, Juan, Leandro Ávila e Caio. Jogadores que ajudaram a manter o alto nível de competitividade do Mengão, conquistando a Copa Mercosul em 1999, sobre o Palmeiras – 4 x 3 na ida, no Maraca; 3 x 3 na volta, no Parque Antártica. 

Por falar em Mercosul… vamos falar de Romário, protagonista e artilheiro da competição.

Foto: Reproduçã/O Gol

Idas e vindas de Romário, que marcou história

Quando se pensava em atacante, naquela época, o nome que vinha à cabeça de qualquer torcedor era o de Romário. E em 14 de janeiro de 1995 a história acontece para os torcedores do Fla, que viram chegar o Baixinho sensação do momento no futebol mundial, afinal, Romário chega à Gávea com o status de Melhor do Mundo – título dado pela FIFA, conquistado no ano anterior, quando ele jogava pelo Barcelona e foi campeão da Copa de 94. A volta ao Brasil era o sinônimo de estar em casa para Romário, que adorava jogar futevôlei nas praias cariocas e curtir as noites do Rio.

Naquele ano, o Flamengo montou um super time, considerado o maior ataque do futebol brasileiro na época, com Romário, Edmundo e Sávio – além de outros nomes de peso que chegaram como o lateral-esquerdo Branco e o zagueiro Ronaldão, ambos campeões mundiais pelo Brasil na Copa de 94. Mesmo com grandes atletas no papel, na prática o torcedor ficou na bronca e não conseguiu ver o time render. Em 1995 o Rubro-Negro lutou para não cair para a segunda divisão do Brasileiro.

Mas Romário foi na contramão da fase do time e, ainda assim, teve uma ótima temporada marcando 45 gols e sendo o destaque da final da conquista da Taça Guanabara, no jogo eletrizante contra o Botafogo, quando ele marcou um Hat-Trick na vitória por 3 x 2. No Carioca de 96 o camisa 11 foi o artilheiro com 26 gols, com o Fla vencendo a competição de forma invicta, tendo mais uma vez o Baixinho como protagonista nos dois turnos. Ele ainda viria a somar outros feitos com a camisa flamenguista: artilheiro do Torneio Rio-São Paulo em 97, com sete gols; maior goleador da Copa do Brasil de 98 também com sete gols; e oito gols na Mercosul de 99 – neste ano o Baixinho saiu do clube antes do término da competição. Em relação a títulos, ele conquistou a Taça Guanabara de 95,96 e 99; o Carioca de 96 e 99; além da Mercosul, mesmo não jogando as finais. Apesar de idas e vindas e muitas polêmicas, Romário está sempre na memória da torcida rubro-negra, pelos grandes jogos e por ter honrado o manto com belos gols.

Foto: Reprodução/Metropoles

Mais craques pela frente…

A década de 2000 chega com grandes nomes vestindo a camisa rubro-negra, reformulando o time e trazendo mais um título em 2001: a Copa dos Campeões, numa final épica contra o São Paulo em dois jogos (ida 5×3 para o Fla; volta 3×2 para o Tricolor Paulista), com destaques para ídolos como o goleiro Júlio César, os zagueiros Juan e Gamarra, os meias Leandro Ávila, Beto e Petkovic, e os atacantes Reinaldo e Edílson, com nada mais nada menos que Zagallo como técnico.

Foto: Reprodução/O Curioso do Futebol

Petkovic e o gol que valeu um título e uma história

O histórico gol de falta de Petkovic sobre o Vasco, aos 43 minutos do segundo tempo, que consagrou o tricampeonato carioca para o Rubro-Negro em 2001, já tem mais de 20 anos, mas ainda assim, para quem viveu aquela tarde no Maracanã, ou para quem assistiu pela TV ou ouviu no rádio, é inesquecível. Mesmo sendo um gol de Estadual, o valor desse gol do Pet é imensurável para a nação rubro-negra. Vai além de um título, de uma competição, tem todo o enredo do clássico, num Maracanã lotado, no fim de jogo, com uma tensão grandiosa a ponto de ver a taça escapar pelas mãos para o maior rival. Que jogo, meus amigos! Que gol! E que perfeição de batida do Petkovic, que mudou o rumo da decisão e está para sempre na memória e no coração dos milhões de torcedores do Flamengo.

Foto: O Globo

Finais e mais título da Copa do Brasil

Em 2003 e 2004 o time ainda se manteve competitivo na Copa do Brasil, chegando a duas finais seguidas, mas sendo derrotado por Cruzeiro e Santo André, respectivamente. Em 2006, o Rubro-negro chega novamente na decisão e não decepciona, com duas vitórias sobre seu maior rival Vasco da Gama (ida: 2×0 – Obina e Luizão; volta: 1×0 – Juan).

Foto: Getty Images

Hexa Brasileiro com o Imperador

Em 2009 o Flamengo surpreendeu a todos com a conquista do Campeonato Brasileiro, com um elenco comandado por Andrade, com jogadores experientes e uma peça fundamental: Adriano Imperador, que marcou 19 gols e foi o artilheiro da competição – ao lado de Diego Tardelli, do Atlético-MG. Aquele time contava com nomes emblemáticos para a nação rubro-negra até os dias atuais, como Léo Moura, Ronaldo Angelim, Juan, Petkovic e Maldonado.

Foto: Reprodução/Twitter

Time copeiro 

Em 2013 o Flamengo voltou a ser protagonista no cenário do futebol brasileiro, especialmente na Copa do Brasil, quando o clube conquistou seu terceiro título da competição, com um time bem diferente dos anos anteriores. Naquele ano o Rubro-negro enfrentou o Atlético Paranaense (atual Athletico) na final, empatando em 1×1 na ida, Curitiba – com gol de Amaral; e na volta venceu por do 2×0, no Maracanã, com gols de Elias e Hernane Brocador, destaque do elenco flamenguista.

Foto: Reprodução/Goal

Jorge Jesus e Gabigol ditam uma nova era vitoriosa

Nos últimos anos, o Flamengo contou com grandes nomes já citados aqui, além de outros como Ronaldinho Gaúcho, Vagner Love – que fez o “império do amor”, com Adriano Imperador; Vinicius Jr. e tantos outros… Mas em 2019 um elenco mudaria a história do clube, sendo comparado a era Zico, pelo belo futebol apresentado e, principalmente, pelas conquistas. Com o técnico português Jorge Jesus e o atacante Gabigol como grandes protagonistas, o clube montou um elenco vencedor com nomes como Diego Alves, Rafinha, Rodrigo Caio, Pablo Marí e Filipe Luís; Willian Arão, Gerson, Everton Ribeiro, Arrascaeta e Bruno Henrique. Outros nomes como Gustavo Henrique, Léo Pereira, Michael, Vitinho, Pedro, Thiago Maia, Michael, João Gomes, Renê, Diego, dentre outros, ganharam espaço e contribuíram para outras tantas conquistas seguidas do clube.

Foto: Getty Images

Um elenco forte e cheio de troféus, que até hoje traz consigo muitas responsabilidades de manter um legado, com muitas cobranças dos torcedores, pelas conquistas da Libertadores (2019), bicampeonato Brasileiro (2019 e 2020), Recopa Sul-Americana (2020), Supercopa do Brasil (2020), bicampeão Carioca (2019 e 2020), além do vice do Mundial de Clubes da Fifa (2019). Em meio a isso tudo, em julho de 2020, o técnico Jorge Jesus deixa o clube, mas apesar da mudança, o clube ainda conquistou outros títulos importantes: outra Supercopa do Brasil (2021); Copa do Brasil de 2022 e outra Libertadores, neste mesmo ano, ambas as conquistas sob o comando do técnico Dorival Júnior – que “ressuscitou” o time e fez um trabalho incrível. Mas isso não foi o suficiente para mantê-lo na temporada seguinte, o que causou um novo retrocesso no desempenho da equipe, além de gerar um grande mal-estar com a nação rubro-negra, onde muitos nunca entenderam a diretoria ter dispensado Dorival.

Libertadores da nova geração: eis que surge um novo ídolo

Chegou a hora de uma nova geração ver e sentir um dos títulos mais emblemáticos da história do Flamengo, a Libertadores. Antes, apenas os torcedores mais antigos podiam se orgulhar de terem visto e vivido a conquista de 81. As novas gerações pós anos 90 e 2000 só se gabavam de ter a taça na sala de troféus do clube, mas o tempo já havia passado… e como! Após 38 anos a nação rubro-negra estava prestes a sentir o arrepio diferente, que transcende para as gerações vindouras e que certamente nunca sairá de suas memórias, ainda mais pela forma que foi, com sofrimento e superação no fim.

A Libertadores de 2019 foi um resgate da grandeza de um clube centenário, que tem a maior torcida do país do futebol, e que traz consigo todos os dias a responsabilidade de estar sempre no topo. Com a montagem de um grande estafe, comandado por Jorge Jesus, o Flamengo montou um elenco digno da campanha que fez na competição. Com apenas uma derrota em todo o campeonato – para o tradicional Peñarol –, o Mengão passou por San José, LDU e o próprio Peñarol na fase de grupos; seguindo para o mata-mata com vitórias sobre o Emelec nas oitavas; sobre o Internacional nas quartas; e sobre o Grêmio nas semis, com direito a goleada por 5×0 no jogo da volta.

Foto: Alexandre Vidal/Flamengo

Mas o melhor ainda estava guardado. A final contra um grande adversário e sensação dos últimos anos, o River Plate. O duelo Brasil e Argentina não só prometeu como deu grandes emoções em um jogaço de bola que trouxe à tona a velha máxima do futebol: o jogo só acaba quando termina – parece e é redundante, mas quer dizer que o jogo só finaliza com o apito final do juiz. Isso porque o River tava com a mão na taça, ao estar vencendo o jogo por 1 a 0, até praticamente no fim da partida, quando aparece um personagem que mudaria a história do confronto e a dele, para sempre, com o manto rubro-negro, Gabigol incansável e persistente o tempo todo vira a partida aos 43 e 46 do segundo tempo, com dois gols inesquecíveis, que fizeram o Flamengo levantar a troféu da Liberta novamente após quase quatro décadas.

O Tri da Liberta conduzido por um personagem inesperado

Apesar de ter um grande elenco, o ano de 2022 era de muitas desconfianças para o Flamengo. O time não teve um início de ano como esperado e as trocas no comando técnico deixava o elenco desnorteado e sem padrão de jogo. Ainda assim, o clube se reinventou naquela temporada e trouxe um personagem que mudaria o rumo do clube na Libertadores. Dorival Júnior chega para substituir o português Paulo Sousa, no meio do ano, e pega um time desacreditado que precisava de muito trabalho para virar a chave em seis meses praticamente perdidos. Com seu jeito peculiar e sereno, o professor Dorival, que veio do Ceará após um excelente trabalho, coloca a casa em ordem e ganha a confiança do elenco. Um dos grandes feitos do treinador logo de cara foi o de fazer o que muitos diziam ser improvável e às vezes até impossível: escalar Pedro e Gabigol como titulares.

Ele fez e deu super certo. A dupla logo se entrosou juntamente com todo o elenco e os resultados começaram a aparecer, com o inesperado acontecendo. O Flamengo fez uma campanha histórica, com 12 vitórias e um empate em 13 partidas, ou seja, com 94% de aproveitamento. Além de ter o artilheiro da competição: Pedro, lembra dele? Pois é, o cara fez 12 gols e ao todo o Mengão balançou as redes 33 vezes e sofreu apenas oito. Quanto a confrontos, a trajetória do clube foi a seguinte: na fase de grupos o time de Dorival passou em primeiro, com 16 pontos, em uma chave ao lado de Talleres, da Argentina; Universidad Católica, do Chile; e Sporting Cristal, do Peru. Na fase de mata-mata, o Flamengo eliminou o Tolima, da Colômbia, com um placar agregado elástico de 8 a 1 – com uma goleada por 7 a 1 no jogo de volta, no Maracanã. Nas quartas, o time deixou para trás o Corinthians, com uma vitória por 2 a 0 em Itaquera e um triunfo no Maraca, dessa vez por 1 a 0. Já nas semis, a vítima da vez foi o Vélez Sarsfield, vencendo os argentinos com um placar agregado de 6 a 1 – 4 a 0 na Argentina e 2 a 1 no Rio. Na final, o Mengão não teve a vida fácil das fases anteriores e pegou o competitivo Athletico Paranaense. Em um duelo pra lá de disputado, brilhou mais uma vez a estrela do cara: Gabibol, que marcou o único gol da partida e deu o título ao Flamengo. Mais uma conquista que está, sem dúvidas, no coração do torcedor rubro-negro de forma especial.

Foto: Gilvan de Souza / Flamengo

Com uma boa base do elenco que protagonizou todas as conquistas recentes do clube, o Flamengo segue escrevendo novas páginas da sua história, com capítulos que buscam vitórias todos os dias, incentivado por uma das mais apaixonadas torcidas do mundo, a nação rubro-negra, que respira o Mengo, vive o Mengo e tem no time uma razão para viver, pois uma verdade é certa: “que o rubro-negro teria um desgosto profundo, se faltasse um Flamengo no mundo”.

 

O Hino do Clube

Uma vez flamengo,
Sempre flamengo.
Flamengo sempre, eu hei de ser.
É meu maior prazer vê-lo brilhar,
Seja na terra, seja no mar.
Vencer, vencer, vencer!
Uma vez flamengo,
Flamengo até, morrer!

Na regata, ele me mata,
Me maltrata, me arrebata.
Que emoção no coração!
Consagrado no gramado;
Sempre amado;
O mais cotado nos fla-flus é o ‘ai, jesus!’
Eu teria um desgosto profundo,
Se faltasse o flamengo no mundo.
Ele vibra, ele é fibra,
Muita libra já pesou.
Flamengo até morrer eu sou!

– – –